Nos dias atuais é de suma importância discutirmos as tecnologias da comunicação bem com suas implicações no processo de construção do conhecimento dos nossos educandos. Enquanto conjunto de instituições, organizações e negócios voltados para a produção e difusão de informações, a mídia também tem uma função formadora na perspectiva de influenciar opiniões, ideias e atitudes. Dessa forma, a participação da sociedade civil que lida mais diretamente com educação assim como nós professores na CONFECOM é de total pertinência. Esse evento ocorreu durante os dias 14, 15, 16 e 17 do mês de dezembro de 2009, no qual nos juntamos a cerca de três mil participantes presentes em Brasília na Conferência Nacional de Comunicação - CONFECOM. Este momento foi a primeira grande oportunidade de discutirmos de forma ampla e com a participação de vários segmentos da sociedade temas tão importantes para a democratização da comunicação em nosso país. Como uma das principais bandeiras da luta por esta democratização citamos a proposição de ações para a construção de políticas públicas e regulamentações que permitam enfrentar o monopólio midiático.
Apesar da Conferência não ter caráter deliberativo, pois as propostas aprovadas servirão apenas como indicadores de diretrizes às políticas nesta área, a Confecom poderá orientar as decisões do legislativo e do governo federal em relação à Política Nacional de Comunicação. A realização da conferência já representou em si uma grande vitória dos setores sociais que lutam pelo avanço da democracia, tendo em vista que a própria democratização dos meios de comunicação é uma demanda considerável para tal feito.
Nessa perspectiva, é importante que nós educadores entendamos e discutamos a mídia com relação ao seu uso, sua função, suas linguagens e implicações. E além disso, é necessário integrar os meios de comunicação à escola, tanto como instrumento, quanto como objeto de estudo. Portanto, tendo em vista essa demanda atual de compreensão sobre mídia e educação é necessário considerarmos alguns aspectos no caminho da apropriação crítica e da integração às práticas pedagógicas. Por exemplo, a preponderância em eleger como prioridade o fortalecimento de uma escola que favoreça espaço de inclusão e formação de cidadãos cada vez mais capazes de realizar escolhas conscientes. Para tanto, é necessário não apenas que o acesso a diferentes mídias seja possibilitado mas também possibilitar a interação do educando no mundo a partir de práticas pedagógicas que contemplem o estudo da mídia. Isso se justifica tanto pelo acesso a informações que ela possibilita, o que faz ampliar a consciência crítica e de conhecimento, como também porque incita idéias e atitudes num processo contínuo que, se não houver uma boa intervenção poderá gerar alienação, conhecimentos falsos e ilusórios.
Portanto, nosso objetivo enquanto educadora e delegada da sociedade civil do Rio de Janeiro na conferência de comunicação foi discutir e propor meios de reflexão sobre a capacidade de fazer uso consciente das diversas tecnologias disponíveis para acessar informações e produzir conhecimentos como condição para a construção de leitores críticos com competências e habilidades para interagir com os diferentes tipos de textos.
Nesse sentido, nós militantes de educação sugerimos e aprovamos em plenárias constituídas por representantes do poder público, da sociedade civil e empresarial, propostas tais como a ampliação do espaço e tempo nas emissoras comerciais públicas para produção independente com caráter educativo que respeite as diferenças e valorize a diversidade étnica, de gênero geracional, religiosa, orientação sexual e que respeitem os direitos humanos.
Entretanto, ressaltamos ainda que tais produções não incentivem o consumismo e que envolvam a participação de crianças e adolescentes no processo de elaboração de conteúdo. Por fim, defendemos também uma outra demanda da sociedade que diz respeita à necessidade da regionalização da produção para que se possa viabilizar a garantia do respeito à diversidade regional e cultural como também a garantia de um percentual mínimo de espaço nos veículos de comunicação para conteúdo com campanhas de relevância pública. Com todas essas proposições sendo aprovadas consideramos que a conferência trouxe um saldo bastante positivo à educação e todos nós afinal ganhamos com essas vitórias.