domingo

Redes estaduais e municipais aderem à greve dos professores - Portal Vermelho

            Professores de todo país cruzaram os braços durante três dias pelo cumprimento da Lei do Piso. Nesta sexta-feira (16), no encerramento da paralisação, diversas cidades foram cenários de manifestações. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que promoveu a greve, avalia como positiva a greve. Além da adesão das redes estaduais, as redes municipais se juntaram aos protestos. Em São Paulo, 10 mil se reuniram em assembleia.





Professores votam por nova assembleia no dia 20 de abril em S. Paulo
/ foto: Terra



“Mostramos aos governadores e prefeitos que nós não aceitamos que eles simplesmente digam que não têm dinheiro para cumprir a Lei do Piso. Consideramos que eles precisam se esforçar para encontrar condições de saldar essa dívida. Precisam fazer melhor as contas dos seus estados e municípios, provar que gastam com a educação aquilo que é disposto na Constituição”, avaliou o presidente da CNTE, Roberto Leão.




              Em alguns estados, como Pernambuco, mais de 80% das escolas estaduais ficaram sem atividade. Em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, chegou a 90% e 95%, respectivamente. Em Curitiba (PR), 95% dos educadores do município aderiram. Em Belo Horizonte (MG), das 225 escolas estaduais, 128 escolas (56%) da rede estadual foram para às ruas protestar.

Com relação à grande adesão de professores das redes municipais, Marta Vanelli, secretária-geral da CNTE, explicou ao Vermelho que o fato tem relação direta com o aumento recente de 22% do piso, no final de fevereiro, passando de R$1.187 para R$ 1.451.

“A gente imaginava que iria ter adesão dos professores municipais por causa do anúncio dos 22% de aumento do piso nacional. A paralisação, para eles, é uma forma de pressionar os prefeitos a concederem os aumentos antes do prazo legal instituído pela lei eleitoral para dar aumento aos servidores, que é 6 de maio”, disse a secretária-geral da CNTE, referindo-se às eleições deste ano.

Professora da rede estadual de Santa Catarina, Marta Vanelli acompanhou as manifestações nas cidades de Rio Grande e Pelotas onde, segundo ela, a paralisação foi positiva e bem recebida pela população.




Plano de carreira


          Outro ponto destacado nas manifestações foi o plano de carreira, previsto na Lei do Piso. Os professores explicam que a Lei Nacional do Piso não se restringe ao valor do salário base. Também regula a jornada e a carreira.

“Há uma divergência dos governadores e prefeitos ao interpretar o conceito da lei do piso. Piso é vencimento inicial da carreira do magistério público. Quando falamos isso, já estamos dizendo que existe um plano de carreira. Mas, infelizmente, muitos gestores levam em consideração apenas o salário e acabam incorporando na remuneração as gratificações já existentes”, contou Vanelli.

Ou seja, o cálculo dos ganhos de professores mais experientes, que recebem acima do piso, devem ser feitos com base no salário inicial de R$ 1.451. “Para os professores de nível superior, que devem ganhar no mínimo 50% a mais que os de nível médio (é o que defende a CNTE), o salário deve ser no mínimo de R$ 2.176, 50”, exemplificou a dirigente sindical.

Ela lembrou que as gratificações, feitas para incentivar a permanência do professor em sala de aula, e os pisos devem ser discutidos regionalmente, já que cada caso é um caso.

“A lei garante o piso para jornada semanal de até 40 horas justamente para garantir que os diferentes pisos que existem no país sejam contemplados. Há pisos menores de 20 ou 30 horas semanais, que devem receber o valor integral do piso nacional”, completou Marta Vanelli. As horas da jornada de trabalhado são determinadas por leis estaduais e municipais.

Para a categoria agora, a próxima grande batalha é no Congresso Nacional, contra a votação do projeto de lei que altera os critérios de reajuste do piso, levando em conta somente o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e não o custo aluno, como determina a Lei do Piso.

“Aceitamos discutir sobre a questão, mas não vamos discutir nada que não seja valorização, que é o que determina o Plano Nacional de Educação. O INPC apenas reajusta e não valoriza. Já concordamos que deve ser custo aluno consolidado, e não o valor estimado para o próximo ano”, declarou Marta.

Sobre essa questão, o ministro da Educação, Aluizio Mercadante, já se manifestou a respeito e na sua fala ao Congresso Nacional, afirmando que não dá para ser simplesmente o INPC o fator de reajuste do piso.




Jornada extraclasse



          Cerca de 10 mil professores de São Paulo decidiram, em assembleia realizada nesta sexta-feira, em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, na capital, fazer um novo encontro em 20 de abril para definir se a categoria vai entrar em greve. Os educadores aguardam, antes disso, um posicionamento do governador Geraldo Alckmin (PSDB) sobre a jornada extraclasse, que está prevista na lei nacional do piso do magistério. Inicialmente, a categoria havia declarado que decretaria a continuidade da greve no estado de São Paulo.



Professores reunidos próximo ao Palácio dos Bandeirantes,
sede do governo paulista / foto: Apeoesp


O estado cumpre o piso nacional dos professores, mas os professores reivindicam o dispositivo da lei nacional, que determina que um terço da jornada seja destinado para atividades extraclasse. Os trabalhadores, representados pelo Sindicato dos Professores de São Paulo (Apeoesp), defendem que o tempo de sete aulas seja dedicado a atividades como correção de provas e preparação das aulas. No planejamento atual, esse período é de apenas uma aula. Na versão do governo, a divergência se dá porque cada aula deveria ter 60 minutos, mas, desde janeiro, tem apenas 50 minutos. O governo alega que os dez minutos restantes servem para que os docentes promovam as atividades extraclasse. Entretanto, para o sindicato dos professores, esse período é destinado à mudança de salas de aula e atendimento a alunos.



De São Paulo
Deborah Moreira, com agências

quarta-feira

Biografia das mulheres  estudantes e professoras  UFRJ mortas e desaparecidos pela Ditadura Militar 

  
ANA MARIA NACINOVIC CORRÊA

MILITANTE DA ALIANÇA LIBERTADORA NACIONAL (ALN)

Nasceu em 25 de março de 1947, no Rio de Janeiro, filha de Mário Henrique Nacinovic e Anadyr de Carvalho Nacinovic.
Fez o curso primário, ginásio e científico no Colégio São Paulo, de freiras, em Ipanema/RJ.  Aos 21 anos, ingressou como 2ª colocada na Faculdade de Belas Artes da UFRJ.
Sua fotografia estava estampada em cartazes nos aeroportos, rodoviárias e outros lugares públicos; apontavam-na como uma subversiva perigosa. Ana Maria foi metralhada e morta na Mooca/SP, em 14 de junho de 1972. Estava com 25 anos de idade. Com ela, morreram Marcos Nonato da Fonseca e Iúri Xavier Pereira. Os três jovens e Antônio Carlos Bicalho Lana almoçavam no Restaurante Varella. O proprietário do estabelecimento, Manoel Henrique de Oliveira, que era alcaguete da polícia, telefonou para o DOI/CODI-SP avisando da presença de algumas pessoas que tinham suas fotos afixadas em cartazes de “Procurados”, feitos na época pelos órgãos de segurança. Os agentes do DOI/CODI, assim que se certificaram da presença dos quatro companheiros, montaram uma emboscada em torno do restaurante, mobilizando um grande contingente de policiais. De imediato, foram fuzilados Iúri e Marcos Nonato. Ana Maria ainda vivia quando um policial, ouvindo seus gritos de protesto e de dor, impotente perante a morte iminente, se aproximou desferindo-lhe uma rajada de fuzil FAL, à queima-roupa, estraçalhando-lhe o corpo. Ato contínuo, os policiais fizeram uma demonstração de selvageria para a população que se aglomerou em volta daquela já horrenda cena. Dois ou três policiais agarravam o corpo de Ana Maria e o jogavam de um lado para o outro, às vezes lançando-o para o alto e deixando-o cair abruptamente no chão. Descobriram-lhe também o corpo ensanguentado, lançando impropérios e demonstrando o júbilo na covardia de tê-la abatido. Não satisfeitos, desfechavam-lhe ainda coronhadas com seus fuzis, como se mesmo morta Ana Maria representasse ainda algum perigo. A população, revoltada com tamanha violência e selvageria, esboçou, dias depois, uma reação de protesto, tentando elaborar um abaixo-assinado que seria encaminhado ao Governador do Estado. Mas, devido ao clima de terror existente no País naquela época, somado ao pânico de que aquelas cenas de verdadeiro horror pudessem se repetir com eles, a iniciativa foi posta de lado. Também as ameaças feitas pelos policiais, na hora do crime, intimidaram os populares.
O Relatório do Ministério da Aeronáutica contém a falsa versão de que foi ferida após resistir à voz de prisão.

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ÁUREA ELIZA PEREIRA VALADÃO

MILITANTE DO PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC do B)

Nasceu em 6 de abril de 1950, em Areado, sul de Minas, filha de José Pereira e Odila Mendes Pereira.
Desaparecida na Guerrilha do Araguaia, aos 24 anos.
Sua família morava na Fazenda da Lagoa, município de Monte Belo, onde seu pai era administrador e, por isso, Áurea Eliza teve que ir, muito cedo, para o internato.
Afetiva e risonha, sempre manteve um bom relacionamento com a família durante sua infância e adolescência.
Mudou-se, em 1964, para o Rio de Janeiro, para cursar o 2° grau no Colégio Brasileiro, em São Cristóvão, morando com sua irmã Iara, com quem tinha laços muito estreitos e afetuosos. Prestou vestibular, aos dezessete anos, para o Instituto de Física da UFRJ, em 1967, onde pretendia estudar Física Nuclear.
Participou intensamente do movimento estudantil no período de 1967 a 1970, tendo sido membro do Diretório Acadêmico de seu Instituto, juntamente com Antônio Pádua Costa e Arildo Valadão - seu marido -, ambos também desaparecidos.  
No início do ano de 1974, foi vista viva e em bom estado de saúde, no 23° Batalhão de Infantaria da Selva, pelo preso Amaro Lins, que prestou estas declarações no 4° Cartório de Notas de Belém/PA. Segundo depoimento de uma moradora de Xambioá, que não quis se identificar, Áurea foi vista morta na delegacia da cidade, e seu corpo estaria enterrado no cemitério local.
Em 1991, familiares de mortos e desaparecidos na Guerrilha do Araguaia estiveram neste cemitério junto com a Comissão de Justiça e Paz e a equipe de legistas da UNICAMP. Nessa ocasião, foram exumadas duas ossadas, uma de um negro, provavelmente Francisco Manoel Chaves (desaparecido) e outra de uma mulher, jovem, cujo corpo estava enrolado num pano de pára-quedas com a identificação arrancada, que poderia ser de Áurea. Em 1996, os restos mortais encontrados no cemitério de Xambioá foram identificados como sendo de Maria Lúcia Petit, outra guerrilheira assassinada no Araguaia.
O “Cordel da Guerrilha do Araguaia”, de autoria de D. Nonato da Rocha, assim se referiu à Áurea:

"Áurea era professora / E decidiu improvisar / Duma tapera, uma escola / Prá criançada estudar / Ela nada cobrava / Ensinava e brincava / Com as crianças do lugar."
  
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JANA MORONI BARROSO

MILITANTE DO PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC do B)

Nasceu em 10 de junho de 1948, em Fortaleza/CE, filha de Benigno Girão Barroso e Cyrene Moroni Barroso.
Desaparecida desde 1974, na Guerrilha do Araguaia, quando tinha 26 anos.
Cursou o Instituto de Biologia  da UFRJ, onde ingressou na vida política. Trabalhou com outros companheiros, como responsável pela imprensa clandestina do PC do B.
Em abril de 1971, visando a continuidade de seu trabalho político, mudou-se para a localidade de Metade, no sul do Pará. Nessa região, além do trabalho da roça e da caça, foi professora primária. Casou-se com Nelson Lima Piauhy Dourado, também desaparecido. Era combatente do Destacamento A - Helenira Resende. Sua mãe, D. Cyrene, não poupou esforços à sua procura, indo várias vezes à região do Araguaia ou recorrendo aos órgãos governamentais à procura de informações sobre o seu paradeiro.
Desaparecida desde 2 de janeiro de 1974, após ataque das Forças Armadas, quando estava em companhia de Maria Célia Corrêa e Nelson Piauhy Dourado. Segundo depoimentos colhidos por sua mãe, Jana foi presa e levada para Bacaba, localidade às margens da Transamazônica, onde foi construído um centro de torturas das Forças Armadas. De acordo com os moradores da região, nesse local também se encontra um cemitério clandestino. Estava quase nua e com muitas arranhaduras pelo corpo. Foi amarrada, colocada em um saco e içada por um helicóptero. Isto teria se dado nas proximidades de São Domingos do Araguaia. O Relatório do Ministério da Marinha diz que foi morta, em 8 de fevereiro de 1974.
 “A Jana era uma pessoa muito estúdios; fazia parte do Grupo das Bandeirantes, foi chefe dos Lobinho; tudo isso em Petrópolis, onde morávamos e onde ela fez o curso secundário. Quando veio para o Rio fazer a faculdade, se engajou na União da Juventude Patriota (UJP). Foi então que começou a participar de movimentos políticos (...). Quando a Jana foi para o Araguaia, chamou a mim e ao pai, e disse que nós precisávamos entender que aquele era um trabalho muito sério. Meu marido pediu que ela me levasse junto. Jana explicou que não podia, e me deixou esse livro – Mãe, de Máximo Gorki -, com uma pequena cartinha, pedindo que eu só a lesse depois que ela tivesse partido. Meus outros filhos foram levá-la à rodoviária (...). Eu nunca podia supor que jamais iria vê-la de novo. Mas, na carta, ela me explicava que aquela era uma questão de ideologia, e talvez eu não a tivesse de volta (...)”.

Depoimento de Cyrene Moroni Barroso, mãe de Jana
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MARIA CÉLIA CORRÊA

MILITANTE DO PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC do B)

Nasceu em 30 de abril de 1945, na cidade do Rio de Janeiro, filha de Edgar Corrêa e Irene Corrêa.
Desaparecida na Guerrilha do Araguaia, aos 29 anos.
Bancária e estudante de Ciências Sociais da Faculdade Nacional de Filosofia, hoje UFRJ, no Rio de Janeiro.
Em 1971, foi viver na região do Araguaia, onde já se encontrava seu irmão Elmo e sua cunhada Telma, ambos também desaparecidos. Pertenceu ao Destacamento A - Helenira Resende, da Guerrilha.
Foi vista pela última vez por seus companheiros no dia 2 de janeiro de 1974, e estava com Nelson Lima Piauhy Dourado, Jana Moroni e Carretel (todos guerrilheiros desaparecidos), quando houve um tiroteio contra os mesmos.
Os moradores de São Domingos viram quando Maria Célia era levada presa, com outros guerrilheiros. Segundo o depoimento de Maria Raimundo Rocha Veloso, moradora da região, Maria Célia foi presa por “Manezinho das Duas”, que a amarrou e levou com a ajuda de outro homem para o acampamento do Exército em Bacaba (Transamazônica).
Este depoimento foi confirmado por Geraldo Martins de Souza, delegado de São Domingos na época dos acontecimentos, que recebeu uma medalha do Comando do Exército na região por serviços prestados. Geraldo disse que “Rosinha”, nome com que era conhecida na região, foi presa no local chamado Açaizal.
Santinho, vereador pelo PSDB da Câmara de São Domingos, em 1991, e genro de Geraldo Martins de Souza, diz que eram duas as mulheres guerrilheiras levadas para Bacaba por seu sogro; uma delas era Maria Célia. Em todos estes depoimentos, as pessoas são unânimes em afirmar que estava viva e sem ferimentos de arma de fogo, em meados de 1974.
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MARIA REGINA LOBO LEITE DE FIGUEIREDO

MILITANTE DA VANGUARDA ARMADA REVOLUCIONÁRIA PALMARES (VAR-PALMARES)

Ex-integrante da Juventude Universitária Católica, foi aluna do Colégio de Aplicação da  UFRJ. Era formada em Pedagogia pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Enquanto aluna, teve intensa participação no movimento estudantil. Pedagoga, trabalhou no Maranhão e em Pernambuco pelo Movimento de Educação de Base. Após o golpe de 1964, ingressou no movimento Ação Popular e, posteriormente, na organização Var-Palmares. Regina foi casada com Raimundo Gonçalves Figueiredo, assassinado pelas forças da repressão, em 28 de abril de 1971. Foi morta aos 33 anos, em março de 1972. Deixou duas filhas menores: Isabel e Iara.
Maria Regina foi ferida quando a casa em que se encontrava, em Quintino, no Rio de Janeiro, foi invadida por agentes do DOI/CODI-RJ, no dia 29 de março de 1972. Lígia Maria Salgado Nóbrega e Maria Regina, juntamente com Antônio Marcos Pinto de Oliveira, foram presos e assassinados.
O corpo de Maria Regina chegou ao IML pela Guia n° 02 do DOPS, como desconhecida, vindo da Av. Suburbana, n° 8988, casa 72, Bairro de Quintino (RJ), como tendo sido morta em tiroteio. Entretanto, há testemunhas que afirmam que, após ser baleada na perna, foi levada para o DOI-CODI, onde veio a morrer horas depois, tendo, inclusive, sido levada para o Hospital Central do Exército.
Segundo consta do documento, foi identificada nesse mesmo dia 30, através de ficha do Instituto Félix Pacheco/RJ. No entanto, Maria Regina foi reconhecida por suas irmãs Maria Eulália, Maria Alice e Maria Augusta, em 7 de abril de 1972, quando, segundo estas, o corpo de Maria Regina foi finalmente identificado. Foi sepultada no dia seguinte, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.
Fotos e laudo de perícia de local (n° 1884/72 e Ocorrência n° 264/72), feitos pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli/RJ mostram o corpo de Maria Regina baleado. O jornal “Correio da Manhã”, de 6 de abril de 1972, publicou a notícia de sua morte, sob o título “Terroristas Morrem em Tiroteio em Quintino” e, ao lado de sua foto, o nome de Ranúsia Alves Rodrigues, nome que constava do documento que portava. Naquele dia, Maria Regina ainda não havia sido identificada no IML/RJ, porque sobre ela não constava qualquer registro nos órgãos de repressão da ditadura.
sonia moraes angel jones
 


  
SÔNIA MARIA DE MORAES ANGEL JONES

MILITANTE DA AÇÃO LIBERTADORA NACIONAL (ALN)

Nasceu em 9 de novembro de 1946, em Santiago do Boqueirão/RS, filha de João Luiz Moraes e Cléa Lopes de Moraes.
Foi morta em São Paulo, em 1973, aos 27 anos.
Estudou no Colégio de Aplicação da antiga Faculdade Nacional de Filosofia e, posteriormente, na Faculdade de Economia e Administração da UFRJ, mas não chegou a se formar, sendo desligada pelo Decreto nº477, de 24 de setembro de 1969.
Casou-se, em 18 de agosto de 1968, com Stuart Edgar Angel Jones, militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).
Em 1° de Maio de 1969, foi presa em manifestação na Praça Tiradentes/RJ, sendo levada para o DOPS e, posteriormente, para o Presídio Feminino São Judas Tadeu. Somente foi libertada em 6 de agosto de 1969, quando foi julgada e absolvida por unanimidade pelo Superior Tribunal Militar. Passou a viver na clandestinidade.
Em maio de 1970, exilou-se na França, onde se matriculou na Universidade de Vincennes e, para se sustentar, trabalhou na Escola de Línguas Berlitz, em Paris, onde lecionava Português.
Com a prisão e desaparecimento de Stuart pelos órgãos brasileiros de repressão política, Sônia decidiu voltar ao Brasil para retomar a luta de resistência. Ingressou na ALN e viajou para o Chile, onde trabalhava como fotógrafa. Posteriormente, em maio de 1973, retornou clandestinamente ao Brasil, indo morar em São Paulo.
Foi assassinada sob torturas no dia 30 de novembro de 1973, juntamente com Antônio Carlos Bicalho Lana. Durante quase vinte anos a família investigou os fatos relacionados à prisão, tortura e assassinato de Sônia e Antônio Carlos.
Apesar de haverem identificado Sônia Maria, os seus assassinos enterraram-na, como indigente, no Cemitério Dom Bosco, em Perus, sob o nome de Esmeralda Siqueira Aguiar. A família de Sônia conseguiu obter através de processo de número 1483/79, na 1ª Vara Civil de São Paulo, a correção de identidade e retificação do Registro de Óbito.
Oficialmente morta, a família pôde trasladar seus restos mortais para o Rio de Janeiro, em 1981.
Em 1982, o IML/RJ constatou que os ossos entregues à família, enterrados no Rio de Janeiro, eram de um homem.
Para, finalmente, sepultar dignamente os restos mortais de Sônia, a família teve que fazer várias exumações, que chegaram a seis.

quinta-feira

Alunos de Nova Iguaçu estão sem merenda - Baixada Fluminense - Extra Online

As 126 escolas municipais de Nova Iguaçu iniciaram o ano letivo à espera de merenda escolar. Produtos perecíveis como iogurte, carnes, verduras e frutas ainda não foram entregues apesar de as aulas terem começado no início do mês de fevereiro e recomeçado, após a semana de carnaval, na segunda-feira passada.
Ontem pela manhã, por exemplo, os 758 alunos da Escola Municipal Pera Flor, no bairro Prados Verdes, receberam feijão, farofa e massa na hora do intervalo. Eram os alimentos que ainda restavam na despensa da unidade.
Mãe de uma aluna da Pera Flor, a dona de casa Ana Paula Andrade, de 30 anos, afirma ter tirado a filha Lorrane, de 10 anos, do turno integral da escola por causa da constante falta de merenda.


— É mais fácil ela estudar somente de manhã e almoçar em casa, do que ficar na escola o dia inteiro comendo qualquer coisa. O problema é que há alunos que fazem na escola a principal refeição do dia — opinou Ana Paula.
A dona de casa destacou ainda a constante falta de gás na instituição. Por este motivo, segundo ela, os alunos também acabam ficando sem merenda.
Medo de saques
A Secretaria municipal de Educação de Nova Iguaçu admitiu a falta de abastecimento de toda a rede e garantiu que o fornecimento de merenda escolar na rede será normalizado até o fim da próxima semana. Os produtos ainda não teriam sido entregues por conta do recesso de carnaval. A secretaria informou que marcou a entrega dos alimentos para depois do feriado por temer saques enquanto as escolas estivessem fechadas.
As 126 unidades recebem 87 itens alimentícios, que incluem iogurte, leite, frutas, legumes, carnes vermelha e de frango, derivados de soja, sucos, biscoitos, geléia e queijo. Os produtos são fornecidos por três empresas.
A Secretaria esclareceu também que a Escola municipal Pera Flor não está com falta de gás e que ontem à tarde chegou a receber entrega de uma das empresas, que fornece frango, maçã, leite fermentado e suco de maracujá. Outra escola do mesmo bairro, Aimée Carreiro Figueiredo, também foi beneficiada ontem pelos mesmos alimentos