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TRISTEZA e revolta: remoções iniciam o processo de encerramento de atividades no IASERJ

(Fonte: Jornal o Globo)

RIO — Policiais militares do Batalhão de Choque acompanham, desde a noite de sábado, a transferência de pacientes internados no Hospital Central do Instituto de Assistência aos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (Iaserj) da unidade da Avenida Henrique Valadares, no Centro do Rio. A ocupação da entrada do hospital pela PM começou por volta das 21h. Segundo informações da presidente da Associação de Funcionários e Amigos do Iaserj, Cristina Maria Machado, os PMs estavam dando apoio à operação para esvaziar o hospital, que será desativado. A desocupação estava marcada para começar a partir do primeiro minuto de domingo. No entanto, foi adiantada em uma hora. Catorze ambulâncias ficaram estacionadas no interior da unidade à espera dos pacientes internados. Três caminhões-baú, usados normalmente para mudanças, também ficaram parados na frente do hospital. Funcionários do Iaserj e parentes de pacientes fizeram protestos na frente da unidade
As remoções iniciam o processo de encerramento de atividades da unidade, cujo o terreno foi cedido pelo Estado ao governo federal. A área que hoje abriga do Hospital Central do Iaserj será utilizada para a ampliação do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Segundo a assessoria da Secretaria de Estado de Saúde, até as 3h deste domingo, 21 dos 30 internos já haviam sido removidos para outras unidades.
Entre os pacientes removidos até a madrugada deste domingo, 12 foram transferidos para leitos de UTI no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Outros nove pacientes que estavam em enfermarias do Iaserj foram levados para os hospitais Eduardo Rabello, em Campo Grande; Albert Schweitzer, em Realengo; Carlos Chagas, em Marechal Hermes; e São Francisco de Assis, no Centro. Nove pacientes ainda permanecem no Iaserj, sendo oito em enfermarias e um na UTI. Segundo a secretaria de Saúde, uma junta médica avaliou cada paciente, antes de liberar as transferências.
— Estão tratando os pacientes como indigentes, e os parentes como criminosos. Ninguém aqui é bandido para mandarem uma tropa de choque da polícia. Isso é uma vergonha. Meu marido está internado há um mês por causa de um AVC. Estão transferindo ele no meio da noite, não consigo entrar no hospital para ter informações — reclamava Luciana Ferraz, mulher de um paciente internado numa das enfermarias do Iaserj.
Na sexta-feira, o governo estadual conseguiu derrubar na Justiça uma liminar que impedia a retirada de pacientes do Iaserj e a desativação do hospital. A decisão foi da juíza Simone Lopes da Costa, para quem o estado demonstrou possuir planejamento adequado e eficaz para realização da transferência e remoção dos pacientes. A juíza autorizou também o uso da força policial se não fosse possível cumprir a decisão de outra maneira.
Segundo Cristina Machado, o número de internos no Iaserj seria maior: 52. Médica da unidade há 25 anos, ela demonstrava preocupação com duas pacientes sociais, que não têm família e seriam levadas para o Hospital Eduardo Rebelo.
— Elas moram aqui no hospital. Uma tem Síndrome de Down e a outra paralisia cerebral . Elas foram acordadas no meio da madrugada. Serão levadas de maneira inadequada. Estou me sentindo derrotada de ver isso tudo acontecer. O que estão fazendo é cruel e desumano.
A médica também citou o caso de um homem internado após sofrer infarto seguido de um acidente vascular cerebral (AVC). Segundo Cristina, ele estaria numa situação tão critica que poderia até morrer caso saísse do Iaserj. Ela questionou o fato de a mobilização policial ter começado na noite de sábado, já que a decisão judicial para esvaziar o hospital passaria a valer somente a partir do primeiro minuto de domingo.
— Nós fomos pegos de surpresa pois tínhamos marcado uma manifestação contra o fechamento do hospital para este domingo, às 10 horas — disse.
Por volta das 22h40m, o trânsito no quarteirão entre a Praça da Cruz Vermelha e a Rua Tenente Possolo foi bloqueado por homens do Batalhão de Choque. Não houve confronto com os manifestantes que permaneceram em frente ao hospital durante a madrugada e gritavam muito a cada ambulância que chegava e saía para remover pacientes.
O fechamento foi acompanhado pelo deputado estadual Paulo Ramos (PDT) e a vereadora Sonia Rabello de Castro (PV). Segundo a vereadora, o hospital não deveria ser fechado tão rapidamente.
— No meu entendimento a liminar é para dar inicio a um processo de fechamento, e não concluir todo o processo em poucas horas — disse a vereadora, que orientou sua assessoria jurídica a buscar fundamentos para tentar obter uma liminar no plantão do Tribunal de Justiça nas próximas horas, para interromper o processo.
O diretor do hospital do Iaserj, Pedro Cirilo, disse que não havia sido informado das remoções e afirmou que pedirá exoneração do cargo.
— Não fui comunicado de nenhuma transferência de paciente, fui surpreendido. As remoções estão sendo realizadas de forma irresponsável. Não me respeitaram como profissional. Não concordo com o que está sendo feito, estou pedindo minha exoneração.
A secretaria estadual de Saúde divulgou nota informando que nenhum serviço do Iaserj será fechado ou interrompido. Segundo o órgão, a cessão do terreno ao Instituto Nacional de Câncer foi feita pelo Governo do Estado em 2008 e, desde então, o cronograma de migração do serviço vem sendo discutido entre governos federal e estadual, servidores, associações de pacientes e de moradores do entorno da unidade.
De acordo com a secretaria, atualmente o Iaserj possui serviços de ambulatório, 12 leitos de UTI e 18 leitos de enfermaria. O hospital atende uma média de 1.200 pacientes por mês. Os leitos de UTI serão transferidos para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, que ganhou 24 novos leitos. As obras de adaptação no Iaserj Maracanã foram concluídas e a unidade oferecerá o serviços de ambulatório e pronto-atendimento exclusivo para servidores do estado. O Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião, que também funciona dentro do Iaserj, será transferido para o Hospital dos Servidores, onde formará, com o serviço lá existente, um grande centro de infectologia para atender todo o estado.


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Um comentário:

Prof. Márcio Coelho disse...

Só governos fascistas, como este de Cabral, agem assim... Canalha!